Blog CBD e saúde

Dia mundial da saúde: Cannabis Medicinal e Saúde Pública 

Por Dra. Lih Vitória, Biomédica

No dia 7 de abril, o mundo se une em uma causa comum: a celebração do Dia Mundial da Saúde. A data, que marca a criação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1948, vai muito além de homenagens institucionais — ela nos convida à reflexão sobre práticas cotidianas que sustentam a vida em sua plenitude. Em 2025, o tema global proposto pela OMS é “Inícios Saudáveis, Futuros Esperançosos”, com foco na saúde materna e neonatal. Mas essa é apenas a ponta do iceberg: cuidar da saúde de forma integral e preventiva continua sendo o maior desafio (e a maior oportunidade) do nosso tempo.

Manutenção preventiva: um olhar científico sobre o corpo humano

Nosso corpo é uma máquina biológica de extrema complexidade. Manter seu equilíbrio requer cuidados regulares e isso inclui alimentação nutritiva, hidratação adequada, atividades físicas, exames de rotina e atenção à saúde mental.

Esses hábitos não apenas evitam doenças crônicas como diabetes, hipertensão e obesidade, mas também fortalecem sistemas fundamentais para a homeostase, como o sistema endocanabinoide (SEC), um eixo regulador que vem sendo estudado intensamente pela ciência nas últimas décadas.

O SEC é composto por receptores (como CB1 e CB2), endocanabinoides (moléculas produzidas naturalmente pelo nosso corpo) e enzimas que modulam sua ação. Ele atua como uma ponte entre o cérebro e o corpo, promovendo equilíbrio metabólico, resposta imune, controle da dor, apetite, humor, sono e memória. Alterações nesse sistema estão ligadas ao surgimento de distúrbios como ansiedade, inflamação crônica, insônia, distúrbios alimentares e até endometriose.

Cuidar do corpo, portanto, não é apenas uma prática individual — é uma forma de alimentar o próprio sistema biológico de regulação e proteção.

Água, alimento e ciência: fundamentos da saúde pública

A saúde não começa no hospital, mas sim na mesa de casa, na escolha do que bebemos, no cuidado com o sono, no tempo de descanso. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o acesso à água potável, alimentos seguros e ambientes saudáveis é parte essencial do direito à saúde.

Sabemos que a desnutrição, o excesso de ultraprocessados, a ingestão insuficiente de fibras e a desidratação impactam diretamente o funcionamento do intestino, do fígado, do cérebro e também do sistema endocanabinoide.

A nutrição adequada e o consumo de ácidos graxos essenciais (como o ômega-3) auxiliam na produção de endocanabinoides naturais, como a anandamida, molécula relacionada ao prazer e à redução da dor. Ou seja, nosso prato está diretamente conectado aos nossos neurotransmissores.

Cannabis: uma tecnologia de cuidado para o equilíbrio interno

Diante dos desafios contemporâneos à saúde pública — como o aumento de doenças crônicas, a medicalização excessiva e a precarização do cuidado, surge a necessidade de abordagens baseadas em evidências, mas centradas no indivíduo.

A cannabis medicinal, quando utilizada com responsabilidade clínica, representa uma ferramenta biotecnológica de regulação do sistema endocanabinoide, promovendo alívio de sintomas como dor, ansiedade, distúrbios do sono, espasticidade e inflamação.

Pesquisas demonstram que fitocanabinoides como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC) interagem com os receptores do SEC, contribuindo para restaurar o equilíbrio corporal e funcional algo que a ciência chama de homeostase.

Na prática clínica, pacientes com patologias como epilepsia, Parkinson, endometriose, fibromialgia, TEA e insônia vêm relatando melhorias significativas na qualidade de vida quando tratados com derivados da planta.

Cuidar é um ato político, científico e coletivo

O Dia Mundial da Saúde nos lembra que prevenir é mais do que fazer exames, é conhecer o corpo, escutar os sinais, equilibrar emoções e respeitar limites. É também reconhecido que o acesso à saúde ainda é desigual, e que iniciativas como as promovidas por associações de pacientes, como a BCY e ComitivaBio são essenciais para garantir o direito ao cuidado com base científica e humanizada.

Enquanto o mundo debate o futuro da saúde, é urgente promover educação em saúde, estimular pesquisas com plantas medicinais, e fortalecer políticas públicas de acesso, especialmente para populações vulnerabilizadas.

Afinal, como dizia Hipócrates, pai da medicina: “Que teu alimento seja teu remédio, e que teu remédio seja teu alimento.” Hoje, podemos estender esse pensamento: que a ciência esteja a serviço da vida, e que a cannabis, em sua potência terapêutica, seja vista não como ameaça, mas como aliada da saúde preventiva e integrativa.

Prevenir é respeitar a complexidade de quem somos

Neste 7 de abril, o convite é claro: reaprender a cuidar do corpo como quem cuida de um templo com ciência, consciência e compaixão. Que possamos ver na saúde não apenas a ausência de doença, mas a presença de equilíbrio, autonomia e bem-estar.

O caminho é coletivo. A jornada é profundamente humana.

Referencias

A bcy

Somos uma associação dedicada a promover o acesso seguro e legal à cannabis medicinal para pacientes que buscam alívio de diversas condições de saúde